Manter um time produtivo e engajado vai muito além de contratar bons currículos.
A verdadeira saúde de uma empresa está na cultura organizacional — e alguns perfis, mesmo sendo altamente competentes tecnicamente, podem destruir essa cultura de dentro para fora.
Essas pessoas funcionam como um vírus silencioso: o impacto não é imediato, mas aos poucos reduzem a confiança, aumentam o turnover e drenam a energia da equipe.
Se você é líder, gestor ou empresário, precisa conhecer esses perfis e saber como se proteger.
Esse é o perfil mais difícil de detectar no início, pois se apresenta como cordial, colaborativo e até elogia a liderança. Porém, nos bastidores, atua como um agente silencioso de desgaste emocional.
Ele não confronta diretamente — prefere a sutileza de comentários ambíguos, sarcasmo e “brincadeiras” que plantam dúvida sobre as decisões da gestão ou a competência de colegas.
Como age:
Faz piadas com tom depreciativo sobre projetos ou pessoas, mas disfarça como “apenas uma brincadeira”.
Insinua que decisões da liderança não foram bem pensadas, sem apresentar soluções.
Cria grupos de afinidade (“panelinhas”) e compartilha opiniões negativas apenas dentro desses círculos.
Espalha pequenas informações distorcidas para gerar incerteza.
Exemplo :
Em uma reunião, o gestor apresenta uma nova estratégia. Na frente de todos, o colaborador diz “Ótima ideia, chefe, vamos ver se dessa vez funciona…”, com um sorriso irônico. Depois, no café, comenta com colegas: “Acho que ele nem estudou isso direito”.
Impactos no ambiente:
Enfraquece a confiança entre colegas e entre o time e a liderança.
Faz com que decisões simples passem a ser questionadas de forma velada.
Reduz o engajamento, pois instala a sensação de que “algo está errado” na gestão.
Sinais de alerta:
Aumento de fofocas ou piadas internas sobre decisões da empresa.
Grupos de colaboradores que se isolam e evitam contato com líderes.
Clima de “nós contra eles” dentro da equipe.
Esse perfil não quer apenas cumprir suas funções — quer se colocar no lugar da liderança.
Ao invés de contribuir para o sucesso coletivo, está sempre avaliando formas de se destacar à custa do gestor.
Sua motivação principal não é o crescimento da empresa, mas a ascensão pessoal, mesmo que isso signifique sabotar colegas ou líderes.
Como age:
Questiona decisões estratégicas em reuniões para enfraquecer a imagem do gestor.
Minimiza as vitórias do time e maximiza erros para criar um cenário negativo.
Apresenta ideias concorrentes em momentos estratégicos para tentar “roubar a cena”.
Assume o crédito por conquistas coletivas, especialmente quando a liderança não está presente.
Exemplo :
Durante um projeto, a liderança propõe um caminho A. O competidor oculto discorda sutilmente, mas segue. Quando um problema acontece (mesmo que pequeno), ele aproveita para dizer aos outros: “Eu já sabia que ia dar nisso, se tivessem me ouvido…”.
Impactos no ambiente:
Gera um clima de disputa interna ao invés de colaboração.
Cria insegurança na liderança, que passa a gastar energia defendendo suas decisões.
Provoca divisões e competições prejudiciais ao fluxo de trabalho.
Sinais de alerta:
Profissional que comemora discretamente quando algo dá errado para a liderança.
Constantes “comparações” entre decisões tomadas e o que ele faria diferente.
Tentativas de criar uma base de apoio dentro do time para fortalecer sua própria influência.
Para esse perfil, qualquer observação, mesmo construtiva, é recebida como um ataque pessoal.
A dificuldade em separar questões técnicas de emoções pessoais faz com que a produtividade caia e que reuniões simples se tornem exaustivas.
A liderança e os colegas passam a evitar confrontos ou feedbacks diretos para não gerar reações desproporcionais.
Como age:
Reage de forma exagerada a críticas construtivas, mesmo quando apresentadas com cuidado.
Usa o papel de “injustiçado” para ganhar apoio emocional de outros colegas.
Dramatiza pequenas falhas, prolongando discussões sobre temas que poderiam ser resolvidos rapidamente.
Interpreta mudanças como ataques à sua forma de trabalhar.
Exemplo :
Ao receber um feedback sobre um relatório entregue com atraso, responde: “Você sempre pega no meu pé, parece que nunca está satisfeito com nada que eu faço”, e passa o resto do dia retraído, comentando com colegas que foi “humilhado” na frente de todos.
Impactos no ambiente:
Atraso na tomada de decisões por medo de “explodir” a situação.
Esgotamento emocional da liderança e da equipe.
Clima tenso, onde todos medem palavras para não gerar atrito.
Sinais de alerta:
Profissional que constantemente “faz cena” ao receber qualquer sugestão.
Necessidade frequente de conversas longas para acalmar situações simples.
Percepção de que a equipe evita falar abertamente sobre problemas.
Esse é o colaborador que chega com o “copo cheio” — acredita que já sabe tudo o que precisa para desempenhar sua função e que qualquer tentativa de ensiná-lo é perda de tempo.
O problema é que, em um mercado que muda constantemente, essa postura é fatal para o crescimento da empresa.
Como age:
Recusa participar de treinamentos ou os trata como irrelevantes.
Critica novas ferramentas, processos ou metodologias antes de conhecê-los.
Desqualifica ideias de colegas com frases como “isso não vai funcionar” ou “já tentamos e não deu certo”.
Age de forma defensiva quando recebe sugestões de melhoria.
Exemplo :
Ao ser convidado para um workshop sobre uma nova tecnologia, responde: “Isso é modinha, daqui seis meses ninguém vai usar”. Mesmo assim, quando a empresa decide implementar, ele participa de forma mínima, só para cumprir protocolo, e depois continua usando o método antigo.
Impactos no ambiente:
Bloqueia a inovação, pois influencia outros a não aderirem a mudanças.
Desmotiva colegas que desejam evoluir.
Mantém processos ultrapassados que reduzem a competitividade da empresa.
Sinais de alerta:
Alto índice de rejeição a qualquer mudança de rotina.
Falta de aplicação prática de novos conhecimentos.
Comentários frequentes que desvalorizam treinamentos e atualizações.
A prevenção começa antes mesmo da contratação, mas também exige ações consistentes no dia a dia.
Veja algumas estratégias para proteger sua cultura organizacional:
Recrutamento baseado em valores – use entrevistas por competência e avaliações comportamentais.
Treinamento de líderes – desenvolva habilidades para identificar e agir diante de comportamentos nocivos.
Políticas claras de convivência – defina comportamentos aceitáveis e consequências para desvios.
Feedback estruturado e contínuo – reduza interpretações equivocadas e mantenha alinhamento.
Olhar externo especializado – uma avaliação imparcial pode identificar riscos que passam despercebidos internamente.
💡 Lembre-se: manter um talento tecnicamente excelente, mas culturalmente nocivo, pode custar mais caro do que substituí-lo. Empresas que agem cedo preservam a motivação, reduzem o turnover e mantêm o crescimento sustentável.